sexta-feira, 14 de março de 2014

Homens incapazes. De quê? - Pai Canguru - proporcionando vínculo afetivo entre homens e seus bebês prematuros.

Homens são muito machistas.
Homens não sabem cuidar dos filhos.
Homens não se interessam pelo pré natal.
Homens não podem amamentar.
Homens não querem escolher o enxoval do bebê.
Homens não querem banhar seus filhos ou filhas.
Homens não sabem trocar fraldas.
Homens não sabem lavar louça.
Homens não sabem arrumar seu armário quanto mais vestir uma criança.
Homens são assim mesmo.
Homens são vagabundos, eles traem suas mulheres, é normal ser assim.
Homens não se interessam pela saúde do filho ou da filha.
Homens não podem brochar.
Homem tem que chegar chegando.
Homens não isso, não aquilo. Homens no mundo "feminino" são incapazes de qualquer coisa. Homens, são capazes de fazer mulheres sofrer.

Quem já não ouviu alguma dessas na vida? Ou falou? Ou pensou? Pois é, essas falas são fortes, sabem? Eu proponho que hoje você tente não pensar em nada negativo sobre os homens (sexualmente falando não vale!). Tente nesse momento tirar da sua cabeça todo e qualquer mal que exista sobre essas criaturas. É! Tire essa ideia fixa de que homem é incapaz de cuidar de uma criança. Tire essa ideia fixa que colocaram na sua cabeça que eles são incapazes de cuidar de uma casa. Limpe sua mente. Respire e inspire. Tire da sua cabeça que eles podem e devem ser os garanhões do pedaço e que isso é normal. Sério!?

Temos que começar a limpar da nossa consciência (ou seria inconsciência) essas imagens e falas que aprendemos desde antes nascer sobre a figura masculina. E esse blog vai ajudar você! Vamos sim produzir e divulgar os homens doces, ternos, afetuosos, dedicados, cuidadores do seu lar, cuidadores dos seus filhos e filhas.

No post anterior, fiz um relato sobre a amamentação e logo após sobre a negligência que o homem sofre no atendimento na área de Saúde durante sua gestação. Hoje, vou falar de outra coisa (mas, o assunto ali não esgotou não, ixi, ainda temos muito, muito para contar.) Hoje, vou falar de quando o pai é inserido para criação de vínculo com a criança: pai cegonha. As vezes, o bebê pode nascer antes da hora. E precisa de muitos cuidados. Tem que ficar numa encubadora, com aparelhinhos, sozinho. Deve ser triste, né? Mas não tanto. Existe um projeto chamado Método Mãe Canguru, segundo dados do Ministério da Saúde, esse método foi implantando primeiro na Colômbia em 1979, e visava diminuir a mortalidade infantil. É simples, coloca se o bebê em contato com a pele da mãe, aumentando o vínculo, diminuindo a mortalidade e mais rapidez na alta do bebê. É um método eficiente e sem custo. Mais informações aqui. No Brasil, entre 2000 e 2002 muitos profissionais da saúde foram capacitados para efetuarem esse método.

Pai Canguru - Fonte aqui
Mas e os papais? No Rio de Janeiro está sendo realizado um projeto chamado Pai Canguru, no Hospital Estadual Rocha Faria. Em São Paulo a maternidade Neomater e o Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto estão inserindo o pai nesse processo. A execução é a mesma da Mãe Canguru: coloca-se o bebê peladinho em contato com a pele do pai - o - bebê não pode estar no oxigênio e nem com punção venosa. Nas reportagens feitas e em relatos que li, não só o bebê sai beneficiado, mas a mãe fica mais segura por ver aquele homem como uma figura de parceria e o pai se sente realmente presente na vida daquela criança, da sua criança.

Você pode saber mais sobre esses assuntos:
Reportagens: aquiaqui e aqui
Relato: aqui - destaque para a fala: "Não tenho certeza dos benefícios que traz aos bebês, mas os pais sempre saem alegrinhos da sala depois de fazerem o canguru. Matias também parece gostar muito. No começo ele até dá uns miadinhos, sons que eu traduzo como: "Isso é gostoso", Você é quentinho", "Sua barrigona é bem macia, não emagreça nunca." - Esse blog é bem bacana!

Procurei saber se por aqui em Santa Catarina existia esse projeto Pai Canguru, parece que não. Porque não? - O Mãe Canguru já existe aqui - o primeiro local a implementar em Santa Catarina foi o Hospital Universitário da UFSC.

Lembra ali do começo quando falei que te ajudaria ver o homem de forma mais terna? Assim vai ficando mais fácil, né?






segunda-feira, 10 de março de 2014

Meu relato - amamentação - o sucesso também é dele! e as negligências do SUS aos futuros e já pais.

Amamentar exige disponibilidade e paciência.

Meu sonho era amamentar. 

Não consegui isso com meu primeiro filho e queria muito com a segunda filha. Li, pesquisei, me informei e tentei evitar tudo o que estimulou a falta de leite no meu peito. E está sendo maravilhosa a realização deste sonho. Além da nossa pequena ter uma ótima sucção, o meu parceiro de vida, o pai da nossa filha é uma figura essencial - não coadjuva, não está em segundo - é tão importante para o sucesso da amamentação quanto o leite que sai do meu seio.

Não, ele não tem tetas. Ele não tem leite no seu peito. Ele tem jogo de cintura e a consciência do que nós precisamos para nossa filha:  amamentação em livre demanda, sem mãe estressada, cansada, acabada, triste.

É tocante a dedicação dele ao filho e a filha. Para ficar mais tempo conosco - e não apenas os cinco dias previstos de licença paternidade - solicitou suas férias para o mês da data provável do parto, quase um mês dedicados a nós, a família. Assim que chegamos da maternidade ele se responsabilizou por todo cuidado da casa e do nosso filho mais velho. Cada vez que colocava a menina no peito ele me hidratava, me alimentava, me deixava confortável. Quando saía do meu banho, o quarto estava limpo, com lençóis trocados eu nada precisava fazer, "só" amamentar. Todas as vezes que a menina acorda ele já ajeita o travesseiro para eu me deitar confortável, já pega a almofada de amamentação e um paninho caso o peite vaze de leite ou ela regurgite. Para aliviar os ciúmes do nosso filho mais velho - e foi ciúme - ele inventou um quarto especial para eles, com filmes especiais e coisas especiais só para o nosso filho. 

Quando voltou a trabalhar não me cobrou casa arrumada, comida feita e eu embonecada. 

E isso é só um pouco do que ele faz para amamentar nossa filha. Toda sua dedicação me traz uma tranquilidade enorme, tanta que não tive qualquer problema com a amamentação, como: empedramento nos seios, rachaduras,  vontade de desistir. Lidar com a administração de uma casa, com sua limpeza e abastecimento, com um outro filho pequeno e todas as suas necessidades na rotina, físicas e emocionais e ainda com um bebê  podem inibir a prática da amamentação. Mas conseguimos!

Todo esse sucesso também é dele. Essa foi forma que ele encontrou de participar do processo de amamentação. Sinceramente, ele me surpreendeu com essas atitudes tão simples, tão cansativas para ele, mas a recompensa do nosso esforço vemos no cotidiano da nossa menina crescendo sadia e feliz.

Sim, você homem pode amamentar! Essa é a nossa forma. Você e a mãe de seu filho/a podem e devem conversar sobre o jeitinho que irão amamentar esse serzinho lindo, o mais importante na vida de ambos.

Sei que para muitas famílias esse tipo de amamentação parece quase impossível. Participo de grupos de mães pelo Facebook e grupo de amamentação e uma fala repetida é: ele não se interessa nem quer se interessar. É difícil e sofrido para mim ler isso. É ruim, pois existe toda uma esfera negativa ao homem como participante ativo na gestação, no parto, na amamentação. Prática muito comum quando o casal procura as Unidades de Saude (SUS) - para consultas no pré natal ou pediatra - é ignorar a presença do pai. Este gestante não vale nada. 

Diante das evidências de negligência à presença masculina na saúde, como podem esses homens se interessarem por algo se não são interessantes para o sistema? Temos que estimular, temos que relatar histórias de pais, de homens, como um processo positivo, temos que tirar o ranço, temos que adoçar o homem.

Uma atitude positiva aconteceu em Ribeirão Preto com o programa "Pré Natal Masculino" onde inserem os pais até nos exames de rotina da gravidez, proporcionando um vínculo mais forte do homem com a gestação. Essa iniciativa produziu uma ótima aceitação e participação masculina elevada nas consultas pré natais.  Uma pesquisa que vale a pena ler - leia aqui.

Você homem não é desinteressante. Você homem não é só um carregador de bolsa. Você homem não é só um acompanhante passivo. Você homem está sendo negligenciado. Você homem pode engravidar, sim. Você homem pode amamentar sim, não deixe ninguém te convencer ao contrário. Lute por isso, ligue pra ouvidoria da prefeitura de sua cidade se sofrer alienação na consultas do seu/ua filho/a. Reclame,  proponha, vamos lá!

Um viva a todas as revoluções para conquistarmos o que sonhamos.