sexta-feira, 28 de março de 2014

UFSC sendo enxovalhada, mulheres sendo culpabilizadas, onde vamos parar?

Essa semana de março foi de grande demonstração do que ignorância pode fazer em uma sociedade. Ignorância no sentido de ignorar, de saber. A primeira dúvida é: as pessoas ignoram ou querem ignorar?

A Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC foi agredida. Violentada por policiais que entraram a paisana revistando mochilas dentro do café do Centro de Filosofia e Ciências Humanas - CFH, os policiais não estavam identificados, não tinham identificação e o carro utilizado para conduzir o estudante que portava supostamente maconha - 1 cigarro? - também não era oficial.

Fiquei orgulhosa de toda a Comunidade Acadêmica em não permitir que uma arbitrariedade dessas ocorresse. Pois, sem identificação os policiais não podem fazer isso. (Nem vou entrar no mérito da autonomia universitária).

Fiquei, por outro lado, decepcionadíssima em ver pessoas que acham que está tudo bem um fato assim ocorrer. De ser normal e legitimo que pessoas sejam revistadas e detidas por uma polícia sem identificação.
Fiquei mais chocada ainda, de muitas pessoas acharem que está tudo bem da polícia usar um arsenal contra pessoas que estavam dialogando. Por que é ilegal maconha - sim -mas é ilegal usar a força policial sem estar identificado.

Fiquei mais decepcionada,triste, aborrecida, estarrecida e muitos idas por aí, que as pessoas - cegas do gás lacrimogênio na TV -  não perceberam que a nossa Universidade foi reduzida a "uma república de drogados" em rede nacional! Uma instituição séria, com profissionais sérios, que uma produção científica séria, com estudantes sérios ser diminuída dessa maneira. Eu tenho orgulho de ter estudado, me formado e ter diploma como bacharel e licenciada em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tenho orgulho em ter feito curso de extensão pelo Núcleo de Gênero (NIGS do CFH) da UFSC. 

Não preocupa essas pessoas que seus diplomas, podem ser ridicularizados e elas taxadas de drogadas, por conta do que esse delegado da polícia federal disse? Imagine as pessoas que estão estudando arduamente para entrar nessa instituição? Que crédito vão colocar a ela?

Existe problema de consumo e tráfico de drogas não só na UFSC como em todos os lugares. Existe problema de Segurança Pública não só na UFSC, mas em todos os lugares. Seria essa a solução? Bombardear locais onde tem usuários de droga - lembre-se hoje usuário não vai preso, só assina um termo circunstancial e é liberado. 

Uma ação desastrada da polícia federal - entenda o delegado da polícia federal a elite do nosso país, não conseguiu deter um usuário de droga - leva a enxovalhar o nome de uma instituição e todos e todas que pertencem a ela?

Mal começou isso tivemos o resultado de uma pesquisa onde as pessoas acham que mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas. Culpabilizando a mulher - vítima - de um crime!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Estou tão chateada essa semana que os post's sobre paternidade ativa vou deixar para semana que vem. É difícil lutar por um mundo melhor quando temos essas demonstrações do pensamento da sociedade. 

A luta nem começou!

domingo, 23 de março de 2014

Fofo é o cacete - eu quero inclusão. A paternidade ativa na ótica da RAP.

Avistam um homem com uma criança, cuidando tão bem e pensam: ai, que fofo! E sabe o que eles dizem disso: fofo é o cacete, sou pai e quero respeito e inclusão! Certíssimos, não? E você sabe que o objetivo desse blog é também mostrar ações positivas da paternidade. Pois, infelizmente nem sempre tudo é tão fofo e fácil quanto se pensa na vida desses pais que querem ser participativos.

Já escrevi dentro de alguns textos sobre o abandono do homem durante a gestação, consultas ao pediatra - sendo tratado como figura descartável no processo de criação de seus filhos e filhas. Tenho me empenhado em encontrar muitas coisas para mostrar como atitudes positivas e que realmente funcionam para agregar o homem no contexto familiar. 

E tenho tido gratas surpresas. Uma delas é sobre um Projeto bem bacana realizado no município do Rio de Janeiro, chama-se RAP da Saúde - Rede de Adolescentes Promotores da Saúde. Está ligado ao Elos da Saúde que é um canal para articulação dos setores para promoção de saúde no Rio de Janeiro. Mas a RAP é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que visa "valorizar as diversidades de gênero, raça/cor/etnia, orientação sexual e juventudes com deficiências". O legal é que essa galera da RAP, em 2013, produziu um vídeo intitulado "O pai está"  -como se fosse uma afirmação da pergunta - que frequentemente ouvem quando levam seus filhos e/ou filhas a consultas médicas ou para resolver a questões escolares - a mãe onde está?

Interessante notar o trabalho de consciência com os jovens pais da periferia, dos adolescentes que tem uma paternidade precoce. Importante também trabalharmos nossos olhares a essas maternidades e paternidades em adolescentes. Não é produtivo acusar essas jovens pessoas de irresponsáveis e trata-las como tais quando a gravidez acontece. É necessário prepará-los para isso, nem aliviando a responsabilidade, mas principalmente não sobrecarregando, nem demonizando essa nova etapa. Conscientizar o rapaz adolescente da sua importância na criação dessa nova vida, tratar esse assunto de maneira positiva é frutificante - como é na RAP da Saúde.

O vídeo " O pai está" tem um pouco de ficção e traz relatos de pais jovens e mais maduros tratando justamente dessa situação da negligência que sofrem enquanto pais e responsáveis por suas crianças. 





É necessário antes de discursar sobre ausências paternas refletir sobre como o homem está sendo ensinado e acolhido em várias sentidos: sociedade, sistemas de saúde, escolas. Eles não querem saber se é fofo ou não um homem cuidando do seu rebento. Eles querem respeito, querem inclusão. 


Link do site Elos da Saúde aqui.
Link do Vídeo "O pai está" aqui