sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Por que você é e quem é o pai que você é?

Estamos presenciando uma nova forma de ver o homem pai. Aquele modelo paterno de rigidez e distância dos filhos e filhas está se abrindo a um homem pai mais participativo nos cuidados da criança e será que mais afetuoso? O primeiro texto que postei remete a reflexão da naturalização dos papéis feminino e masculino frutos da nossa cultura. E esse pai participativo não vem de hoje. Ele está em construção. Ainda precisa de muito apoio nosso, de muita torcida e incentivo para desabrochar. Pensando nessa questão resolvi compartilhar um texto muito legal: O “homem de família”: conjugalidade e paternidade em camadas médias nos anos 90. Apesar de ser um pouco antigo (2000) e sinopse de um Grupo de Trabalho faz análise de duas gerações diferentes de homens em relação a paternidade. As autoras: Elisabete Dória Bilac, M.Coleta F.A. de Oliveira e Malvina Muzskàt abordam diversos assuntos referentes a modelos de paternidade em gerações distintas analisando fatores (incluive socioecnonomicos) que culminaram neste novo pai. O que me chamou atenção no texto foi a diferença de gerações baseada na forma de demonstrar a afetividade. Um homem era considerado um bom pai se fosse um bom provedor material, protetor e honrado, é caracterizado por ausência constante do ambiente doméstico (esse nós conhecemos, senão por vivência por experiências de outras pessoas). Os filhos dessa geração mais ríspida optaram por serem mais carinhosos e participativos com seus filhos e filhas, mas ainda distantes. Os então pais da geração posterior (do início dos anos 90) são bem mais afetuosos, tem uma certa equidade de provisão do lar com a mãe de seus filhos e filhas e estão inseridos em uma proposta diferente.

Agora vou parar tudo e questionar algumas coisas antes de prosseguirmos.

Há tempos já observava algo em muitas colegas de "maternar" que fui agregando a minha vida. Ouvia algumas queixas delas em relação aos pais dos seus filhos/as como: "ele não me ajuda". No decorrer do desabafo outras falas, como essa, apareciam: "ele demora demais pra trocar a fralda, não tenho paciência e nem gosto do jeito que ele faz as coisas, prefiro fazer sozinha". Os homens que alimentaram a pesquisa mostra que: tanto na geração anos 70 quanto na geração anos 90, só conseguiam exercer tanto as funções da casa quanto dos cuidados com as crianças a partir da vontade da mulher. A cultura da mulher cuidadora está tão naturalizada que assumem as responsabilidades domésticas colocando o homem como mero ajudante. Sabe porque isso é interessante? Primeiro para percebermos a naturalização dos papéis, pois a medida que a mulher delega "quem fará o que" nas funções domésticas o homem passivamente aceita. Claro, que isso faz parte de algumas realidades. Existe aquele homem que nada faz nunca e outros casos. Mas queria te chamar atenção para isso. Você como homem pai toma a responsabilidade dos cuidados com a criança a partir da vontade da mulher? Ou conversa, discute, lê, se informa sobre a melhor maneira de educar e cuidar da criança? As decisões sobre esses cuidados são feitos de que maneira? Se esse novo pai assume apenas aquilo que lhe é delegado ele seria um novo pai? Seria um pai ativo? Responda me.

Continuando. A inclusão do homem em um espaço antes essencialmente feminino - o lar - vem da inclusão da mulher em espaços antes essencialmente masculinos - a rua. Com mudanças na economia tornou-se, em muitos casos, essencial a presença feminina no mercado de trabalho para ter um padrão digno de vida ou de sobrevivência. O homem torna se também um cuidador, um pai cuidador que realiza as diversas tarefas: trocar fralda, dar banho, levar pra passear, dar comida, brincar, contar histórias, etc . Mas além disso - e o que podemos extrair do texto das autoras - da execução das tarefas a afetividade entra como um fator essencial tornando esse novo pai realmente diferente do modelo de pai tradicional. Os beijos, abraços, carinhos, demonstrar o amor pelo toque é que torna esses homens novos pais.

E você? Que pai é você? 

A discussão dos motivos que levam você a ser o pai que você é não se resume apenas a isso, teremos muito mais!!!!  Vamos discutindo, vamos nos perdendo, vamos nos encontrando!

PS: Clique nas palavras grifadas em rosa e abra o link relacionado.


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