sábado, 22 de fevereiro de 2014

"Pai quando dá" ou quando deixam?

Eu não ia escrever sobre isso agora, mas um texto que foi divulgado no FB - Pai quando dá - gerou um debate bem gostoso na minha página pessoal, então resolvi aqui escrever algumas coisas sobre o pai solteiro. Tomei como base os comentários do texto e também minha vivência (já fui mãe solteira) para alguns questionamentos. Antes quero frisar que o texto transmite sim o que muitas mulheres sentem, porém tem seus poréns!

Muitos dos comentários ali escritos demonstram que a mulher (mãe) considera o homem (pai) incapaz de cuidar e de se responsabilizar por uma criança, pois não sabe nem cuidar de si mesmo. Não sabe limpar a casa, não sabe fritar um ovo, sequer lavar as cuecas. Há aqueles homens que não cuidam da higiene da criança, que quando ela faz xixi no cadeira do carro não limpam. Há homens que tem ajuda da sua mãe (avó da criança) para cuidar do filho/a, pois sozinhos não conseguiriam.

Eu fui mãe solteira, eu não sabia limpar a casa, cozinho bem mais ou menos e morava com meus pais que me ajudavam com os cuidados com meu filho. Eu tinha a guarda do meu filho. E nunca fui questionada pelo/a juiz/a sobre as minhas habilidades nos serviços domésticos para que fosse apta ou não a guarda da criança. Pensaria o juiz/a que eu sendo mulher automaticamente teria todas as habilidades domésticas acopladas em meu curriculo de mãe? Será que eu preciso disso para ser uma boa mãe? Será que é preciso isso para ser um bom pai? O que está intriseco na palavra bom? 

Muitas famílias não tem o hábito de uma alimentação saudável, servir coca cola no café da manhã realmente não é o melhor para saúde de ninguém, mas isso seria motivo de privar o homem de se responsabilizar pelos cuidados e cotidiano da criança? Por que quando alguns homens falam à mulher: se está pesado para você, deixa comigo que eu cuido, é tão ofensivo? Por que essa mulher não considera de verdade essa opção, de dividir com seu ex (ou pai da criança) os cuidados com o filho/a? Seria porque discorda da maneira dele de educar? Discorda da forma que ele vive? Será que a forma que ele vive é maléfica a criança a ponto de ser privado de ser uma pai presente? E porque ele deve concordar com tudo que a mãe de seu filho/a diz? Por que as mulheres tem o poder da palavra? Em que momento no nascimento dos nossos filhos/as nos tornamos perfeitas?

Existem algumas respostas na nossa cultura. Acredito que essa resistência inconsciente em ter o homem em um ambiente culturalmente feminino tem suas origens também  na nossa cultura patriarcal. O lugar de domínio feminino é o privado, é a casa, é o doméstico. Mas até quando a sociedade agirá com preconceito e discriminação ao homem no espaço privado? Até quando as mulheres defenderão suas coroas e a majestade de Rainha do Lar?

Temos que nos conscientizar sobre o que carregamos da nossa cultura, não é fácil se despir dela, mas merece o tempo, merece a transmutação. O homem precisa cobrar de forma mais efetiva o seu espaço no meio privado e a mulher tem de ceder o espaço, para que ambos cumpram com as responsabilidades do cuidado com a criança.

Não quero aqui passar a mão na cabeça de nenhum pai que não assume a responsabilidade pelo seu filho, mas também não quero fazer o mesmo com a mulher que não quer ser contrariada com outra visão de mundo e de viver que o pai possa proporcionar a criança.


E você o que me diz?


PS: Clique nas palavras grifadas em rosa e abra o link relacionado.


4 comentários:

  1. Acho que muitos pais querem participar da vida do seus filhos mas suas ex não deixam por vários motivos, como a nova namorada, vingança, inveja e os mais prejudicados são as crianças. As mães incomodam tanto os ex, que eles acabam "desistindo" de fazer parte da vida dos filhos. Isso é o que acontece comigo e com muitos que conheço. Claro, tem as exceções que simplesmente somem da vida dos filhos. Eu sou do que "tento" pois não consigo participar mas quando participo tenho várias criticas, que eu não sei cuidar, que eu não estou todo dia com a criança, que o que pago de pensão é miséria, que o que dou de presente é ruim, resumindo o que eu faço nunca está bom. Colocar a criança contra o pai e a nova família que ele formou também é fato. Lembro, isso não acontece só comigo, vários amigos também reclamam. Mas essas mulheres não podem ser chamadas de mães pois colocam seus recalques na frente da felicidade dos filhos.

    Fica aqui meu relato!

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    1. Olá, seu relato me pareceu um pouco confuso, podes me ajudar a entender?
      1 - Suponho - e é o que seu relato deixa claro- que você tinha um maravilhoso relacionamento com a mãe dos seus filhos até surgir uma pessoa na sua vida,é isso?

      2- A expressão nova namorada me faz entender que você já teve antes outras namoradas e que para a mãe dos seus filhos as outras não apresentaram qualquer problema, foi isso?

      Se as respostas acima forem positivas pode haver alguma insegurança por parte da mãe em relação a essa nova namorada. Como sempre se deram bem uma boa dose de paciência sua e dialogo dissiparão essas rusgas, acredite.

      MAS se desde sempre você e a mãe dos seus filhos não se deram bem, se nunca concordaram, aí acredito que a nova namorada pode não ser motivo da alienação parental,apenas mais um motivador para o desentendimento entre vocês.

      3- Não entendi por qual motivo a mãe dos seus filhos lhe inveja. Ou porque motivo tem recalque.

      4- Você tem seus dias de visita regulamentado? A mãe de seus filhos lhe impede de ver seus filhos de que forma? Se você sofre de alienação parental -gravíssimo - entre na justiça. Alienação parental provada (pois, pelo que entendi, a mãe dos seus filhos fala mal de você e lhe proíbe de ver as crianças - é alienação) você pode conseguir a guarda.

      5- Os termos que você usou para descrever a mãe dos seus filhos são muito pesados: invejosa, recalcada, só incomoda... tente vê-la como um ser humano vítima de um sistema, como uma pessoa que merece ser respeitada, assim como você.

      6- Você com seu relato prova a sua inabilidade em lidar com criticas. Fiquei pensando: porque ele dá bola para o que ela fala? Você não pode, de forma alguma, deixar de ser participativo na vida de seus filhos por conta de criticas, seja da mãe dos seus filhos, seja de quem for. Se você for observar as mães e pais são alvo de criticas o tempo todo. Vença essa necessidade de aprovação que você tem e vá exercer a paternidade. Não dá de ficar usando como desculpa "ela não deixa, por isso não faço", para ficar ausente. Lute pelos seus direitos, dialogue com a mãe dos seus filhos, se imponha de maneira respeitosa que as coisas se encaixam.

      Fico no aguardo de suas respostas.

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  2. 1 e 2- Não tinha relacionamento maravilhoso, ela me traia e sempre fui fiel. Quando encontrei uma pessoa boa, que ainda gosta da minha filha, a minha ex surtou. Sendo que minha ex sumiu com minha filha por alguns meses e eu não fazia ideia de onde elas estavam (isso antes de eu namorar). Minha namorada surgiu muito tempo depois.

    Você está muito teórica na sua opinião, teoria e prática são coisas bem diferentes. E lidar com pessoas é uma coisa muito complicada.

    4- Posso ver minha filha quando eu quiser, como eu disse na teoria. Até proibido de ir no colegio de minha filha já fui. E o motivo pra eu não poder ir é que não participo da vida da minha filha (?). Aí você pensa, que confusão, pois é. Eu ia na reunião de pais do colégio, ela não, e depois eu que não participo da vida da criança. Ela não fala mal de mim para a criança sempre, só as vezes, quando eu digo não para alguma coisa que ela pediu.

    5- Para a pessoa merecer respeito ela também precisa respeitar, não é o caso. Ela liga pra incomodar e eu só concordo porque se for discordar do que ela fala, você nem imagina.

    6- Como eu já disse, na teoria eu posso mas a guarda é dela e eu teria que entrar na justiça toda hora. Não tenho problema com critica mas pensa no outro lado (o do homem), você não pode só pensar naqueles homens que não querem saber dos filhos nunca. No caso, já to quase virando um deles também.

    No fim, você está muito ligada a teoria. Você devia pegar relatos de pais que são separados e passam por estas dificuldades. Se eu entrar na justiça para garantir os direitos que tenho, ela vai incomodar muito, até no meu trabalho pode aparecer pra fazer barraco. Existem mães e mães, mulheres e mulheres, pais e pais. Não ache que todas as pessoas são legais e gostam de ti ver feliz.

    Se não me expressei bem em alguma parte, pode questionar!!

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  3. Anonimo, obrigada por sua resposta. Eu entendo e compreendo tudo o que passas. O objetivo desse espaço é esse,divulgar e dar voz aos homens. Inclusive achei coerente colocar o Anonimo como opção, por considerar que relatos como os seus apareceriam e se divulgares teu nome abertamente pode culminar em um processo.
    Você considera meu trabalho teórico e é mesmo, existe uma teoria por traz de tudo o que eu escrevo, existe fundamentação teórica,pois quero levar pontos de vista sérios a quem luta pela causa. Existe uma teoria,várias teorias que explicam porque nós seres humanos vivemos e agimos de determinadas maneiras. As teorias nos informam, nos fazem enxergar as situações de uma forma diferente,sermos mais pacientes e tolerantes, mudarmos nosso ponto de vista.

    Não entendi o motivo de achares que não tenho visão da prática. E em nenhum momento eu mencionei os homens que não querem saber dos seus filhos. Onde está isso?

    A unica coisa que sei é que você está preso a uma relação onde estás sendo negligenciado. A unica forma é procurar a justiça. Por mais incomodo que passes, não há outra alternativa.

    Como eu disse no texto: o homem precisa lutar pelo seu espaço. Você precisa lutar pelo seu. É difícil? Chato? Burocrático? Sim. Mas se não fizer nada efetivamente e não recorrer aos seus direitos, nada muda! Sua filha tem o direito e está sofrendo alienação parental.

    Você está sendo negligenciado e eu não vejo outra opção que não seja essa. Entre na justiça e garanta seus direitos. Como proponho no texto e como falei sobre a minha vivência: o homem não pode viver a mercê da vontade da mãe que tem a guarda e usar isso como argumento para se ausentar da vida da criança. Aqui está o link sobre a alienação parental: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm

    Espero ter colaborado :)

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